Ela veio com a mãe para resolver umas dúvidas
A mãe foi logo dizendo que apesar das duas serem muito amigas, ela não conseguira resolver as tais dúvidas.
Inicialmente eu quis saber (como sempre faço) se ela queria que a mãe saísse ou ficasse.
Disse-me que não tinha segredos para a mãe...
Perguntei então o que a afligia.
Ela levantou a cabeça, arrebitou o nariz olhou-me nos olhos e disse toda autoritária:
-Quero saber se sou gay.
Confesso que tive vontade de rir; mas comecei por aí as interrogações e explicações
Você sabe o que significa a palavra “gay”?
-É menina que gosta de menina.
Tive então que explicar o obvio:
Gay é um desvio do comportamento amoroso, no
qual um homem sente atração por outro homem, e não por uma mulher.
Já quando uma mulher não sente atração pelo sexo oposto, e sim por outra mulher, é chamada de lésbica.
Gay para homem e lésbica para mulher...Então você quer saber se é lésbica ?
A menina miudinha, com traços perfeitos, e vestida como uma bonequinha me disse então:
-Eu já tenho 11anos. Minhas amigas todas já “ficaram”. Só eu não. Será que isso é um defeito? ´
Perguntei-lhe então se ela tinha vontade de ficar com algum coleguinha. Se ela gostava de alguém.
O seu sorrisinho maroto disse tudo.
-Gosto sim. Ele é meu vizinho e a gente é “melhores amigos”.
Mas ele também é “bv” (boca virgem. Nunca beijou
ninguém).
Depois de conversarmos longamente, ela saiu convencida de que quem estava “colocando o carro na frente dos bois” eram as amigas.
Entendeu que estava cedo, e que “ficar “apenas porque todo mundo “fica” não é o certo.
Entendeu também que a gente beija alguém, quando sente “alguma Coisa” por ele. Não porque todo mundo “fica”
E quando ela saiu, fiquei eu, pensando na velocidade desta dita “evolução”.
E sem saber até onde tudo isso vai...
Afinal! Ela só tem 11 anos!





Ela me disse que perdeu a vontade de viver e o entusiasmo pela vida.

Sentia que seu tempo útil acabou.
Não é mais necessária aos filhos, que estão casados e cuidando de suas famílias.
Casou filhas e filhos e só lhe restou o marido que tem entusiasmo pela profissão, pelos negócios, pela sociedade, pela vida enfim!
-Ele não morreu em vida. Disse-me ela.
Ela sim. Não se sente útil, apesar de
se sentir amada.
Não tem doenças graves, e tem aparência de muito jovem apesar de seus quase setenta anos.
Perguntei-lhe se as pessoas que estavam ao seu redor, percebiam a sua falta de vontade de viver. Ela disse que seus familiares mais próximos talvez percebessem, mas os amigos e amigas; não!
E a Fé? Onde está a Fé? Perguntei-lhe
-Adormecida disse-me ela.
-Sem a fé eu não conseguiria viver, mas às vezes brigo com Deus, e depois me arrependo.
E eu lhe respondi que conhecia bem esta doença porque também a tinha!
Sinto-me pronta e desnecessária agora que encaminhei os filhos.
Disse-lhe que só nos faltava uma câncer para nos curar da falta de vontade de viver.
Não temos que lutar pela vida.
Apesar dos pequenos apertos, o mais importante que é a saúde nos é dado.
Se tivéssemos alguma doença grave, que nos obrigasse a lutar para viver, aí sim! Aí saberíamos dar valor á vida
Dando valor na outros problemas, nos esquecemos de que o bem maior que Deus nos dá é a saúde.
Disse-lhe então: Vamos fazer um pacto?
Vamos voltar aos vinte anos? Nem que seja pra nos alegrarmos com as recordações, vamos reaprender a ser feliz.
Abraçamo-nos, choramos e dissemos uma à outra, que a partir daquela data, quando levantássemos iríamos saber o valor de estar vivas. E agradeceríamos a Deus pela saúde, o único Bem importante na vida.

Procurou-me há poucos dias uma paciente, com uma história no mínimo inusitada. .

Ela aparentava uns quarenta anos, tendo os cabelos bem cortados e uma pele perfeitamente cuidada. Percebia-se ser vaidosa e bem conservada. Assustei quando me disse ter sessenta anos. Disse-me muito pouco à vontade ter uma história um pouco diferente para contar. Enão é que a história era mesmo diferente?Dra., o problema é que eu ontem transei sem saber...
as como assim; -Sem saber, perguntei,
pensando logo no famoso “boa noite cinderela”
-É que tomo remédios pra dormir, e meu marido procurou-me uma meia hora depois ...
- Depois de você ter tomado os remédios?
_ Isso mesmo! E eu não me lembro de nada. Foi como se houvesse sonhado que tinha transado... –Quando perguntei a ele se tínhamos feito amor na noite anterior, ele disse que sim e que foi o máximo! Que começou a fazer carinho na hora em que se deitou e eu só dizia; -hummmmm;humm;;; hum....Como se tivesse gostando muito.
Agora doutora fico pensando se isso é normal, e se agi certo. Isso não foi um estupro?
Não aguentei e caí na risada. Pode isso?
Uma mulher ter uma relação sexual dormindo, gostar, e achar que foi uma violência?E com o marido tá!!!
Logico que na brincadeira, disse a ela:
-Puxa vida! Você é tão boa de cama que deixa o marido doidinho com o seu desempenho, até quando transa dormindo... Quer mais o quê?


Foi um susto só!
Olhando para minha pequena paciente vi uma menininha que não deveria ter um metro e meio... Até aí tudo bem. Mas ela não tinha busto, nem ameaçava começar o seu desenvolvimento sexual. Perguntei apenas para ver se a mãe “acordava”
- Ela já menstruou a primeira vez?
- Não, - foi a resposta, mas já está com um namoradinho- Respondeu a mãe.
A garota não falava nada e dava a
impressão de nem participar da conversa.
No decorrer da consulta fiquei sabendo que a mãe que tinha hoje 37 anos tivera a filha na adolescência com um “marido” bem mais velho. Depois disso, tivera mais três maridos e agora namorava um rapaz de 19 anos.Ela disse-me claramente que não queria este futuro para a filha, e que algumas coleguinhas da menina já eram mães aos 14 anosO que fazer num caso destes?
Conversar com a mãe? Explicar? Mas explicar o que?
Que preferia que a filha corresse o risco de ficar grávida?
Que ela deveria ter conversado mais com a filha?
Que era cedo demais pra namorar?
Que erradas eram as meninas que foram mães aos 14 anos?
Que errada era ela, que não dava exemplo nenhum?
Resolvi conversar com a mais interessada que era a minha pequena paciente.
Vi que a mãe a intimidava, ou melhor, não dava tempo para ela responder nada.
Perguntei se ela queria conversar a sós comigo, e tendo resposta positiva pedi para a mãe deixar-nos a sós.
Conversamos bastante tempo de uma forma amiga e amena.
Ela confessou-me que estava “ficando” com um coleguinha de classe, mas que não tinha havido nada mais que uns beijos.
Disse-me também que era muito amiga da sogra que sempre aconselhava os dois a não passarem dos limites.
Fui clara ao explicar que não era hora de tomar pílula, e que gravidez na adolescência não era uma coisa assim tão simples.
Expliquei que nossa conversa seria sempre sigilosa, e que eu estaria pronta para conversar sempre que ela quisesse. Que ela poderia vir sozinha, com a mãe com o namorado ou com uma amiga, sempre que sentisse necessidade de conversar.
Mas que eu deveria ser a primeira, a saber, quando “rolasse uma transa”.
Expliquei sobre anticoncepcional, sobre DST e sobre a pílula do dia seguinte, caso houvesse uma relação inesperada.
Pois bem; ficamos muito amigas e fui a sua orientadora e medica até que ela se casasse e mudasse para outra cidade. Fui sua amiga na ocasião da primeira menstruação, tratei das cólicas menstruais, ouvi sobre as desilusões amorosas, preparei-a para a primeira experiência sexual, e hoje, através das redes sociais acompanho a sua vida.
Mas não é sempre que tenho um “final feliz”
Já tive mães culpando-me pela gravidez da filha...
Já tive menina que veio contar que havia feito aborto...
Já chorei sem saber o que fazer...
Já me alegrei com historia lindas.
Já ouvi e vivi tanta coisa...
Afinal... São mais de quarenta anos!
Mas, valeu a pena, e continua valendo!