Sofrendo com elas e por elas
Fecho os olhos e peço á secretaria que me dê um tempo. Coloco os pés sobre a mesa, e tento relaxar. Respiro lentamente,
uma, duas três vezes, e tento fazer meu pensamento voar para outro lugar. Mas não consigo. Não dá pra fugir da realidade, apenas porque fechei a porta e elas acabaram de sair.Continuo sofrendo com elas e por elas. Não tem como fechar os olhos e não chorar, não sofrer, e apagar da memória tanta tristeza, tanta miséria moral.
Meu pensamento voa, atravessa estradas, mares montanhas... Encontra varias meninas mulheres, que como a minha pequena paciente que acabou de sair, também foram humilhadas, espancadas, violentadas. E fico me perguntando; Por quê?
Por que motivo somos desde sempre objetos sexuais de seres que não são em nada mais do que nós?
Às vezes me sinto assim como a
minha bisavó, que veio de Mato Grosso, buscar nas Minas Gerais, paz para a sua família. Nestes momentos, revivo o tempo de mucamas, de maridos guapos, de filhos e mais filhos pra parir, amamentar, acalentar e tantas vezes perder...
E sonhando conservo nos meus sonhos, historias muitas vezes tristes, de mulheres que através do tempo traçaram caminhos para que nós, mulheres de hoje pudéssemos pensar, agir e lutar por direitos iguais para todos.
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