Ontem ás dezessete horas, fui ao cemitério para trocar as flores dos túmulos dos meus pais e da minha avó. Quando estava terminando de arrumar, vi que um rapaz que estava trabalhando , saiu, e entrou outra moça com uma criança para visitar algum tumulo. Estávamos só nós duas no cemitério.
Ainda estava com sol.
E mesmo que estivesse escuro, que mal havia em estar ali?
Pois bem; quando eu
estava saindo, ouvi um barulhão de briga, bem no portão da saída.
Eu não tinha nem uma tesoura, nem faca, nem nada pra me defender.
Quem haveria de pensar em se defender no cemitério?
Fiquei quietinha encostada no tumulo da vovó esperando o entrevero passar. Vi de longe que dois homens pegaram o que estava atrás do portão de grade da entrada, colocaram no carro e saíram em disparada pro lado da avenida cinco.
Quando vi que as coisas se acalmaram resolvi sair.
Encontrei na porta, algumas pessoas que presenciaram o fato.
Perguntei curiosa, o que acontecera. - Foi alguém que pegou o Edgarzinho, que estava escondido no cemitério. Tomara que deem uma boa coça nele - me disseram.
Saí quietinha, sem nada comentar, mas numa tristeza só.
Vi que as palavras do meu filho estavam se confirmando. Ele me disse que se continuasse tudo como estava, sem nada mudar, a gente ia ver as pessoas começarem a fazer justiça com as próprias mãos.
E como nada tem mudado; como estão roubando até farmácia às onze horas da manhã na avenida vinte e seis... A gente pensa que as previsões do fim do mundo devem estar certas! Pelo menos Campina Verde virou o fim do mundo
Estou errada? Digam-me: Estou errada?