Lembro-me bem... Tínhamos cerca de
/quatro ou cinco anos e éramos vizinhos. Seu pai morou na minha cidade, Campina Verde.
por cerca de dois anos, como médico do exército.
Naquela época duas crianças da mesma idade, eram tratados como amiguinhos, sem a influência da mídia que já os torna namorados desde o nascimento...
Sua mãe, que gostava de artes cênicas e era muito culta e prendada
ensinava-lhe lindas poesias, que você declamava nas reuniões familiares.
Naquela época reuniões familiares, eram comuns, e se um menino declamava, não era candidato a gay.
Pois bem; era chegada a hora das mães mostrarem para as amigas que ali se reuniam, os dotes artísticos de seus filhos.
Eu, muito tímida só tinha para mostrar os bordados que aprendia com minha avó e minha mãe. Mas você não; você era o astro do grupo e foi logo declamando sua poesia preferida, e disse assim:
“-Eu me chamo Ronaldinho
Vim aqui pra recitar.
Trago nesta cacholinha
Coisinhas de admirar.
Sei ler escrever e contar
Vocês me dão licença
Que eu vou lá dentro mamar.”
Enquanto todos aplaudiam levantei timidamente a mão e disse que eu também queria declamar.
Todos assustaram e me pediram para ir ao centro da sala fazer o meu número.
De cabecinha baixa e sem saber bem onde colocar as mãozinhas, declamei numa voz quase inaudível;
Eu me chamo Ronaldinho
Vim aqui pra recitar.
Logicamente os aplausos e risadas foram tantos que não cheguei a terminar a declamação
Mas valeu o estimulo porque saí de Campina Verde, fiz conservatório de declamação, em Ribeirão Preto, e me tornei médica apenas porque meu pai me proibiu de seguir a carreira artística.]
Isso porque naquele tempo não ficava bem para uma moça de família ser artista.
nali
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