Acabo de assistir na netflix um filme chamado
AMOR POR DIREITO È a historia verídica de uma detetive lésbica nos Estados Unidos que tem câncer e luta para que sua companheira tenha direito a receber a sua pensão, após sua morte.
Esta é a sinopse do filme.
Mas o filme... Ah o filme!
As atrizes são Julianne Moore como a detetive, e Ellen Page como a companheira.
Só de falar o nome das atrizes a gente já sabe que o filme é bom.
Mas não é só bom; é uma lição de vida.
Depois de vê-lo e chorar muiiiiiiiiito; (sou naturalmente chorona) cheguei á conclusão de que todas as famílias deviam ver.
E o interessante é que hoje, na piscina do Urupê, conversava com uma amiga que é professora, sobre estas
mudanças da sociedade e das famílias que estão por vir.
Acho que todos, pai, mãe avó, avô que têm filhos adolescentes, deviam ver juntos o filme e discutir sobre os rumos da família daqui pra frente.
Mas vejam com filhos adolescentes e adultos.
Depois me digam.
Será que a família mudou mesmo? Ou estamos escancarando tudo, conversando sobre tudo, sendo mais honestos e misericordiosos.
Tem uma cena em que um juiz pergunta se na bíblia, tinha gay, e o outro responde,
-Não sei se tinha gay, mas tinha um Deus que pregava compaixão.
Isso, em se falando de gay...
E de poliamor; podemos falar? Essa loucura toda é de agora?
E o que praticavam os hipyes? Não era o poliamor?
Eu sei que é fácil falar que
aceita tudo!!! No vizinho.
Mas quando os desvios batem na sua porta...
Quando é seu filho, seu neto, sua filha, sua neta...as coisas mudam né?
Aí você tem que ser humilde amoroso (a) e misericordioso (a) o suficiente, pra aceitar que você não é mais nem menos que ninguém.
E que seu filho (a) não tem nenhuma doença se tiver preferências amorosas diferentes da suas.
Mas atenção; estou falando dos vários tipos de sentimento amoroso.
Não estou pregando a dissolução da família, nem a suruba total.
Isso tem outro nome: PROMISCUIDADE.


Lembro-me bem... Tínhamos cerca de
/quatro ou cinco anos e éramos vizinhos. Seu pai morou na minha cidade, Campina Verde.
por cerca de dois anos, como médico do exército.
Naquela época duas crianças da mesma idade, eram tratados como amiguinhos, sem a influência da mídia que já os torna namorados desde o nascimento...
Sua mãe, que gostava de artes cênicas e era muito culta e prendada
ensinava-lhe lindas poesias, que você declamava nas reuniões familiares.
Naquela época reuniões familiares, eram comuns, e se um menino declamava, não era candidato a gay.
Pois bem; era chegada a hora das mães mostrarem para as amigas que ali se reuniam, os dotes artísticos de seus filhos.
Eu, muito tímida só tinha para mostrar os bordados que aprendia com minha avó e minha mãe. Mas você não; você era o astro do grupo e foi logo declamando sua poesia preferida, e disse assim:
“-Eu me chamo Ronaldinho
Vim aqui pra recitar.
Trago nesta cacholinha
Coisinhas de admirar.
Sei ler escrever e contar
Vocês me dão licença
Que eu vou lá dentro mamar.”
Enquanto todos aplaudiam levantei timidamente a mão e disse que eu também queria declamar.
Todos assustaram e me pediram para ir ao centro da sala fazer o meu número.
De cabecinha baixa e sem saber bem onde colocar as mãozinhas, declamei numa voz quase inaudível;
Eu me chamo Ronaldinho
Vim aqui pra recitar.
Logicamente os aplausos e risadas foram tantos que não cheguei a terminar a declamação
Mas valeu o estimulo porque saí de Campina Verde, fiz conservatório de declamação, em Ribeirão Preto, e me tornei médica apenas porque meu pai me proibiu de seguir a carreira artística.]
Isso porque naquele tempo não ficava bem para uma moça de família ser artista.
nali


Ela me disse que estava cansada de seu relacionamento.
Que sentia que as decepções cotidianas mostraram que o grande amor não existe.
Que as chantagens emocionais usadas pelo companheiro para prende-la, já não funcionavam mais. Cada palavra que ele dizia, cada elogio, soava falso.
Perguntei quando havia começado tudo isso
Disse me que com pesar percebera que seu relacionamento não era melhor nem pior; era igual a todos os demais.
-Mas se é igual aos outros, nem pior nem melhor pra que querer mais? Eu lhe falei.
Pois é disse-me ela; “eu não queria um amor igual aos outros.
Eu queria um sonho que durasse para sempre.
Eu queria um amor diferente.
Queria que ele me visse como a sua eterna princesa.
Queria ser a sua melhor
amiga.
Queria ser cumplice em todos os seus momentos.
Queria ter certeza, de que sabia coisas dele, que ninguém mais sabia.
Queria acreditar, que pra mim, ele nunca mentia.
Queria principalmente poder acreditar que ele só dizia verdades.
É... Eu queria e sentia que pra mim só bastava um amor que fosse diferente.
E quando descobri que não sou mais privilegiada que as outras, quando vi que meu homem era apenas um homem exatamente igual a todos os outros, meu mundo caiu.”
Fiquei sem saber o que dizer, porque a única coisa sensata a falar é que agora, finalmente, depois de tantos anos ela colocara os pés no chão.
Saíra das nuvens e descobrira que não era a privilegiada.
Que era apenas uma mulher que amava um homem...
E que as
mulheres são seres mais aprimorados emocionalmente.
As mulheres são menos egoístas, mais sensatas, mais sensíveis...
Disse a ela pra parar de viver apenas em função do amor dele.
Que a partir de agora passasse a viver um pouquinho mais para si mesma.
Que tivesse mais amigas, mais programas solo, que deixasse de viver apenas em função dele.
Que se olhasse no espelho e entendesse, que a sua melhor amiga a sua melhor companhia, a pessoa a quem ela mais devia amar estava ali, na frente dela; ERA ELA MESMA.
Campina Verde 05 09 2017




Ela veio com a mãe para resolver umas dúvidas
A mãe foi logo dizendo que apesar das duas serem muito amigas, ela não conseguira resolver as tais dúvidas.
Inicialmente eu quis saber (como sempre faço) se ela queria que a mãe saísse ou ficasse.
Disse-me que não tinha segredos para a mãe...
Perguntei então o que a afligia.
Ela levantou a cabeça, arrebitou o nariz olhou-me nos olhos e disse
toda autoritária:
-Quero saber se sou gay.
Confesso que tive vontade de rir; mas comecei por aí as interrogações e explicações
Você sabe o que significa a palavra “gay”?
-É menina que gosta de menina.
Tive então que explicar o obvio:
Gay é um desvio do comportamento amoroso, no qual um homem sente atração por outro homem, e não por uma mulher.
Já quando uma mulher não sente atração pelo sexo oposto, e sim por outra mulher, é chamada de lésbica.
Gay para homem e lésbica para mulher...Então você quer saber se é lésbica ?
A menina miudinha, com traços perfeitos, e vestida como uma bonequinha me disse então:
-Eu já tenho 11anos. Minhas amigas todas já “ficaram”. Só eu não. Será que isso é um defeito? ´
Perguntei-lhe então se ela tinha vontade de ficar com algum coleguinha. Se ela gostava de alguém.
O seu sorrisinho maroto disse tudo.
-Gosto sim. Ele é meu vizinho e a gente é “melhores amigos”.
Mas ele também é “bv” (boca virgem. Nunca beijou ninguém).
Depois de conversarmos longamente, ela saiu convencida de que quem estava “colocando o carro na frente dos bois” eram as amigas.
Entendeu que estava cedo, e que “ficar “apenas porque todo mundo “fica” não é o certo.
Entendeu também que a gente beija alguém, quando sente “alguma Coisa” por ele. Não porque todo mundo “fica”
E quando ela saiu, fiquei eu, pensando na velocidade desta dita “evolução”.
E sem saber até onde tudo isso vai...
Afinal! Ela só tem 11 anos!